segunda-feira, 28 de janeiro de 2013


O BOM DA VIDA É SER FELIZ!

por Tatiana Tiburcio

Estava vendo um filme a pouco onde o personagem principal vivia intensamente tudo o que se pode ter da vida de bom e de ruim até no final pegar uma doença por conta de todos os excessos a que se expôs e morrer. É isso. Ponto. Tirando o lirismo e a glamorização da falta de limites, a história se resume a isso. E tudo em nome da tal felicidade. Daí me pego pensando no que seria felicidade... A gente passa a vida fazendo tudo o que pode de certo e errado – pois afinal, o que é o certo e errado? – em nome da tal felicidade e não percebemos que ela na maioria das vezes estava bem ali, ao nosso lado, ao nosso alcance, e a gente deixou passar. Deixou passar por egoísmo, por crueldade consigo e com o próximo, por burrice, ou simplesmente porque estávamos tão desesperados por encontrá-la que não percebemos a sua presença. E muitas das vezes só nos damos conta disso quando chegamos ao fundo do poço, ou quando ela vai embora e a gente percebe que esteve o tempo todo procurando algo que já estava ali.
Em nome da tal felicidade fazemos tanta merda, metemos tanto os pés pelas mãos, passamos por cima dos que nos cercam, passamos por cima de nós mesmos e no final das contas, quase sempre voltamos ao ponto de partida para concluirmos que éramos felizes e não sabíamos. Ou que na verdade o que buscávamos não estava no caminho que a paixão nos conduziu. Sim, porque essa procura desenfreada por essa tal felicidade é quase sempre conduzida pela paixão. Sentimento intenso, porém fugaz que nos arrebata, cega e domina, para depois nos deixar perdidos e vazios. Como uma amante de Renoir que nos leva ao delírio para depois nos abandonar dizendo: “por quem me tomas? Apresentei-me como amante e como tal, passo!”. E passa. Porque tudo na vida passa. Até a angustia da necessidade de encontrar essa tal felicidade. Passa. 

Porque acreditamos que temos que ir o mais fundo possível pra podermos dizer que vivemos? Não que ir fundo não seja bom e necessário muitas das vezes, mas a regra não é essa porque não existe regra. E se existisse seria apenas: seja feliz! Seja feliz a cada dia, nas pequenas coisas do dia a dia que só valorizamos depois que chafurdamos na lama do egoísmo. Será que é preciso perder a vida ou estar em risco de perdê-la para que possamos dizer fui feliz porque vivi? Viver é autodestruição ou conhecimento e crescimento?

Às vezes penso que para encontrarmos a felicidade, basta viver com amor. Por mais careta e piegas que possa parecer, viver com amor. Esse amor que nos faz olhar a volta e não apenas para o próprio umbigo. Um amor amplo, geral, irrestrito que afugenta o egoísmo e dá lugar ao compartilhar. Daí, tudo se pode alcançar!

Em todas as doutrinas que propõem um reli gare com a força maior a regra máxima para ser feliz é amar. Porque o amor conecta, amplia, multiplica. Quando na busca dessa tal felicidade percebemos que não estamos ampliando e multiplicando, mas dividindo, quebrando, destruindo então estamos no caminho errado com toda certeza porque não estamos sendo guiados pelo amor, mas pela paixão.
Não sei, mas prefiro acreditar que ser feliz – como alguém me ensinou um dia, mas também se esqueceu na busca por essa tal felicidade – é doar, entender, é fazer o outro melhor, é fazer-se um pouco melhor, porque a vida é um hino de amor que sempre vale muito mais a pena entoar... 


sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

ÚLTIMO CAPÍTULO DE SUBÚRBIA 

http://www.tabonitobrasil.com/assistir-suburbia-20122012-video-ultimo-episodio-8-completo-online/




SALUBA, NANÃ!
Nanã. A mais velha das orixas cujos elementos são a terra e a água. A senhora das águas turvas e da lama. É quem reconduz as almas ao terreno do astral. Senhora do reino da morte, é ela que possibilita o acesso ao território desconhecido e é através dela que as almas são modificadas para nascerem novamente. É nossa mãe/avó que adormece o espírito que irá encarnar para ser reduzido ao tamanho do feto. Adormece sua memória preparando-o para uma nova vida na carne. Saluba Nanã!


Por Tatiana Tiburcio

Das águas turvas do rio uma mãe recorre à outra pelo seu filho para que seja gerado novamente – enquanto todos se esquecem dele – e ressurja limpo de corpo e de alma. A mesma água que traz a fé de volta a vida dessa mãe desesperada através do terço vermelho colocado em suas mãos pela calmaria da água que invade e purifica sua casa física e espiritual. Água de Nanã que prepara e de Oxum que gera. Água que batiza que consagra que regenera. Água que gera vida e vida que surge pelo amor. O amor invocado no último suspiro, o amor de uma mãe que desce ao inferno para buscar seu filho, o amor que reconstrói e restitui aquilo que a paixão perverteu. O bem esta em festa! O amor venceu! A vida prevaleceu!
Como um Malcon X em sua aparência e fala, nosso herói renasce para um novo pensar, um novo viver porque agora esta forte no seu discurso cheio de identidade. Claiton encontrou seu lugar nos seus. Entendeu que só existe individualidade a partir do todo e com o todo. Ninguém vai determinar seu lugar no mundo, pois seu lugar é o mundo e o mundo somos todos nós. Todos nós porque em um movimento espiralar – por que crescente – estamos ligados e dependentes como um só organismo. Não tem de haver subjugo, não cabe opressão, superioridade, afinal, “quem é puro? Quem é misturado? Quem tem saúde? Quem é o enfermo? Quem é bom? Quem é o mal? Quem nos dita as regras? Quem nos diz: você cai, você vinga? Não há testemunha tão terrível quanto a consciência que mora no coração de cada homem”. É essa consciência o fio condutor, o canal de comunicação com o divino que nos orienta, nos conduz pelo caminho da verdade e da vida e que só ela é capaz de ser o juiz justo das nossas ações. A credora da qual ninguém consegue fugir e a quem ninguém consegue enganar. Mas também a única capaz de tudo redimir porque é quem abre espaço para o perdão, a esperança, a fé, o amor. O mesmo amor que chama na porta de forma singela no meio da noite iluminando os passos de quem caminha em sua estrada. De quem sabe que é preciso confiar para se chegar lá. Onde quer que seja.
Claiton esta de novo de pé, parado na porta do paraíso, mas dessa vez esta limpo de corpo e alma. Pronto para renascer agora pelas águas desse amor. Águas turvas de Nanã presente na pequena poça à porta do paraíso pela qual ele encontra caminho para vir à vida. Vida que aflora agora com consentimento, desejo compartilhado, nos braços de quem se ama e porque se ama. Tornando dois corpos em um numa mesma sinfonia. Sim! É preciso que se diga! É desejado dizer!
E até breve. Num doce abraço, num terno sorriso, em um conselho amigo, em um obrigado por tudo, em um beijo carinhoso, na união e na amizade de desconhecidos, hoje amigos, unidos pelo único sentimento capaz de dar sentido a tudo mais que existe e sem o qual nada é possível: o amor...


“É só o amor que conhece o que é verdade”
Renato Russo

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

CAPÍTULO 7 - SUBURBIA

http://www.tabonitobrasil.com/assistir-suburbia-13122012-video-episodio-7-completo-online/




O que a vida quer da gente é coragem!
Grande Sertão Veredas, Guimarães Rosa


PorTatiana Tiburcio


Não há possibilidade de flertar com o mal e sair impune. Nem com o bem. Todos temos os dois lados dentro de si na mesma medida. O grande desafio do ser humano é saber equilibrar essa balança e é isso que tentamos durante toda nossa caminhada e que chamamos VIVER!
Do alto do monte para o qual Claiton foi levado para contemplar toda a ilusão de poder e prazer, ele se dá conta do que deixou pra trás: amigos verdadeiros, uma família verdadeira porque carregada de diversidades, qualidades e imperfeições que se equilibram na medida certa ofertada pelo amor; ele deixou um amor verdadeiro. Verdadeiro porque companheiro, amigo, guerreiro, sofrido, feliz. Deixou tudo isso pela paixão. Esse sentimento que provoca deleite e perdição. Que nos dá força para vingar, matar física e espiritualmente, para ir fundo na empolgação de que se esta finalmente desabrochando pra vida quando na verdade se afasta dela que com as mãos sempre estendidas tenta lhe trazer a razão. A paixão sempre foi a pior conselheira. A paixão pelo outro, pela vingança, pelo poder...  a paixão. Ela cega, seduz, engana e depois descortina a verdade provocando horror e perda àquele que seduziu. E não adianta tentar chamar a razão, pois no momento da embriaguez os valores são outros, a lógica se inverte, e tudo o que se apresenta como contrário a ilusão, é rebatido com o desespero da sedução. É como uma droga que no primeiro instante é só prazer e felicidade, mas quando o efeito passa tudo o que você faz é usar cada vez mais tentando repetir aquela mesma sensação que nunca será igual novamente e assim vai se perdendo e afundando mais e mais. Pior do que se entregar a paixão é tentar sair dela, porque como um agiota ela lhe cobra muito caro por todo prazer momentâneo proporcionado. É um corte na carne, profundo, que cria cicatrizes das quais nunca se vai esquecer e que em alguma medida sempre vai doer.
Mas assim como o mal não deixa de nos cercar, o bem não deixa de nos proteger. É justamente a união da família pelo aniversário do patriarca, na comemoração da vida, que a morte se faz necessária para o renascimento. Quando todos os poderes se unem através do rito e da tradição que evoca pela procissão e pelos tambores sagrados a abertura dos caminhos, inundando as ruas por onde passa de ancestralidade e juventude. Passado e presente convocados para a celebração e resgate da vida que nunca termina, mas que se renova em um novo ciclo maior e cada vez mais forte.
Nosso herói busca o retorno quando se conscientiza que escolheu o caminho mais fácil. Quando se aproxima de novo de tudo que perdeu e percebe como está sujo de corpo e de alma.
É preciso se limpar, se purificar, é preciso morrer pra nascer de novo, voltar e continuar seguindo. E o demônio vem sorridente de Armani cobrar sua dívida e levar de volta tudo aquilo que deu porque a ele foi entregue e este dá a quem quiser.

O sol há de brilhar mais uma vez, a luz há de chegar aos corações.
Do mal será queimada a semente, o amor, será eterno novamente
Nelson Cavaquinho