terça-feira, 11 de dezembro de 2012


“Tú é mermo é quem se mata”
por Tatiana Tibucio


 Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.

Trecho de “Operário em construção” de Vinicius de Moraes


Claiton abandonou o que o fazia dizer não. É muito difícil olhar para a luz quando o véu da perdição já cobriu nossos olhos. Vivemos no eterno limiar entre o que é certo e o que é errado. O que é certo e o que é errado? A vida se apresenta como uma eterna encruzilhada cheia de possibilidades sedutoras prontas para saciar nosso ego, nossa vaidade, nossa consciência, nossa soberba, nosso orgulho, nossa caridade, nosso amor, nosso ódio, nossa vingança, nosso perdão. Que caminho seguir? O caminho que sacia os nossos instintos ou o que sacia a nossa razão? Nem um nem outro. Achar o equilíbrio entre os dois pólos é que se torna o desafio de viver. Abandonar uma parte da vida porque esta não mais te completa é fácil. Essa é a escolha dos fracos e/ou dos covardes. Reinventar o desejo, o amor, o prazer, a felicidade, dentro da mesma realidade é que é o verdadeiro desafio de viver.

Exu veio pra desestabilizar a harmonia possibilitando assim o crescimento e a mudança. A vida sempre nos apresenta e nos impõe o momento de sermos fênix. De ressurgirmos das cinzas para o novo e melhor e nem sempre esse novo é outro diferente do que se tem agora. Ressurgindo do fogo do sol que brilha atrás de si; vestido e armado com as armas da vingança, Claiton se entrega a sua suposta missão, agora realizada, de vingar o irmão saciando seus desejos mais egoístas em detrimento a todo o bem que se lhe apresentava de bom grado. Porém, nascem do fogo também com ele todas as conseqüências de sua escolha. Ah que insaciável e contraditório é o ser humano que esta sempre em busca de mais mesmo que não seja necessário! No entanto, é preciso que às vezes mergulhemos no mais obscuro de nós mesmos para que possamos ver o quão maravilhoso é o brilho do caminho bom. Precisamos do momento de chafurdar na lama, em meio aos porcos, ao lixo, a podridão para enxergamos o bom, o belo que a vida nos apresenta e que muitas vezes estamos impossibilitados de ver, cegos pelos nossos desejos egoístas oriundos do medo, da insegurança, da inveja, da covardia, de tudo aquilo que, junto com todas as qualidades, nos faz humanos.

Podemos dizer que a palavra que define este capítulo seria RENASCIMENTO. É o que começa a acontecer em todo o universo de SUBURBIA. Margarida também esta acordando. Mergulhada que já estava no seu inferno particular, ela começa a acordar impulsionada pelo sentimento que mesmo pequeno frágil e delicado, talvez seja o mais grandioso e poderoso que podemos carregar dentro de nós: o amor. Este estranho e complexo sentimento manifesto de forma tão plural. Neste caso o amor de mãe. A urgência deste sentimento começa a puxá-la para fora do lado sombrio em que se encontra. Margarida esta despertando! Como a música de Pai Aloysio que renasce através de seu trombone, do fundo do armário, acorda toda a casa e desperta Moacyr da preguiça que lhe define em prol da felicidade do pai, ou as mais delicadas lembranças de Vera mostrando o poder deste frágil sentimento chamado amor que precisa ser cultivado periodicamente nos pequenos gestos e nas eternas memórias para continuar vivendo e fazendo viver. Reinventá-lo a cada instante é desafio apenas para os fortes. Quem se habilita?

“A vida é um hino de amor”
Casemiro de Abreu

sábado, 8 de dezembro de 2012

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012


“A vingança será a dor mais feliz!


                                                                                    por Tatiana Tiburcio

Parado diante da porta do paraíso, sujo, transtornado, sendo puxado para trás e para baixo por uma força que turva seus sentidos e sua alma. Uma voz boa o chama de dentro do paraíso. Ele atende e entra. Mas sua presença carregada maculou este lugar com seu ato anteriormente insano. Os protetores tentam castigá-lo, mas o amor o sentencia a uma segunda chance, porém sozinho. Sai! E correndo, ele se entrega na doce ilusão do lado perverso de todo ser humano confundido pelo aparente desejo de justiça. Das águas correntes que dão a vida ele se lava e renasce, porém para o lado mais sombrio do ser humano. Claiton perdeu a batalha!

Dessa forma se resume o quinto capítulo para mim. O lado bom perdeu o round para o lado sombrio. Fraco esse ser humano que se acha tão poderoso diante da existência! Esse existir que antecede a própria existência do individuo e que independente desta continuará seguindo! O trem da vida não para! Segue pelos trilhos do tempo, constante, impassível e a única coisa que podemos fazer a respeito é decidir em que momento queremos ou devemos descer e qual vagão queremos ou devemos pegar. Mas o que passou, passou. E não volta atrás. Mas passa de novo por um movimento espiralar de crescimento em um ponto parecido, mais a frente, nos dando a oportunidade de, não corrigir o passado, mas fazer melhor para o próximo passo. O trem nunca sai dos trilhos, nós é que às vezes entramos no vagão inadequado. 


E é no limite que separa o dia da noite que Claiton escolhe o vagão errado seguindo em um caminho que o leva para um “outro lado” dele mesmo. Que o leva ao encontro de tudo aquilo que ele rejeitou até agora, mas que sempre o atraiu. Rompeu com a única proteção capaz de mantê-lo a salvo deste lado sombrio: o amor de Conceição. Um amor que vai além da relação homem e mulher. Um amor que se multiplica porque tem raízes que se fortalecem no mais profundo do nosso passado, da nossa história, e cresce majestoso para o infinito pelas folhas da copa dessa arvore genealógica refletida no espelho da vida que passa de mão em mão mostrando as gerações e seus frutos desde Mãe Bia e Pai Aloisyo até Conceição, o mais novo membro da família.


Mas Claiton parou diante da porta do paraíso. Como no sonho de Dante, ele desceu na estação inferno. E mergulha doce e sereno nos braços da perdição. No entanto uma perdição aparentemente necessária, porque às vezes precisamos ir ao mais fundo possível. Quanto mais perto o corpo do chão, maior será o impulso pra sair dele. Está exposto entregue nas mãos de um destino traçado pelo ódio, pela vingança, pela dor, pela exclusão, pela falta de base, de raiz, de história, tradição. Um conjunto de referencias que lhe confeririam força o suficiente para se manter reto, crente e inteiro para seguir pelos trilhos da vida escolhendo os vagões mais acertados desta locomotiva porque assim ele não seria um, mas um a partir do todo. De todos. Conceição tenta chamá-lo a luz da razão, aos gritos. Mas este já esta entregue. Esta renascendo na água da bica, da chuva; esta entregue sem escolha, sem refúgio num mergulho no mais profundo da sua escuridão. Aceita os subterfúgios que lhe cabem sem precisar mentir . Ultrapassa uma barreira que o amor de Conceição não pode mais alcançá-lo e protegê-lo. Claiton renasceu para o seu inferno pessoal e agora só cabe a ele caminhar por esta perdição até encontrar novamente o equilíbrio.



“Se o sonho finge muros pelas planícies do tempo, 

faz-lhe o tempo acreditar que nasce naquele instante”.


Federico Garcia Lorca

sábado, 1 de dezembro de 2012

SUBURBIA 5º CAPÍTULO

http://nadaexagerado.com.br/11/2012/suburbia-video-do-episodio-5-29112012/